quarta-feira, 1 de março de 2017

PRINCÍPIOS BÁSICOS DA FARMACOLOGIA

Farmacologia

 É o estudo do modo pelo qual a função dos sistemas biológicos é afetada por agentes químicos


Conceitos Iniciais

•Remédio: É toda medida terapêutica utilizada para combater um estado patológico. Ex.:Ações Psíquicas (terapia), Ações Físicas (massagem) e medicamentos.

•Medicamento: É toda substância química que tem ação profilática, terapêutica e auxiliar de diagnóstico.

•Fármaco: É toda substância quimicamente definida que apresenta ação benéfica no organismo.

•Droga: É toda substância capaz de alterar os sistemas fisiológicos ou estados patológicos, com ou sem benefícios para o organismo.

•Forma farmacêutica: É o modo que o medicamento se apresenta, ex.: gotas, cápsula, comprimido etc.

•Fórmula farmacêutica: É o conjunto de substâncias, em proporções adequadas, que compõem o medicamento.

•Princípio ativo (PA): Substância quimicamente ativa responsável pela ação do medicamento.

•Veículo: É a substância líquida que dá volume a fórmula, não apresenta ação farmacológica.

•Excipiente: É a substância sólida que dá volume a fórmula, não apresenta ação farmacológica.

•Medicamento de marca ou referência: É um medicamento inovador que possui marca registrada, com qualidade, eficácia terapêutica e segurança, comprovados através de testes científicos, registrado pelo órgão de vigilância sanitária no país. Sua principal função é servir de parâmetros para registros dos posteriores medicamentos similares e genéricos, quando sua patente expirar.

• Medicamento genérico: É um medicamento com a mesma substância ativa, forma farmacêutica e dosagem e com a mesma indicação que o medicamento original, de marca. E principalmente, são intercambiáveis em relação ao medicamento de referência, ou seja, a troca pelo genérico é possível. 
É mais barato porque os fabricantes de genéricos, ao produzirem medicamentos após ter terminado o período de proteção de patente dos originais, não precisam investir em pesquisas e refazer os estudos clínicos que dão cobertura aos efeitos colaterais, que são os custos inerentes à investigação e descoberta de novos medicamentos, visto que estes estudos já foram realizados para a aprovação do Medicamento pela indústria que primeiramente obtinha a patente. Assim, podem vender medicamentos genéricos com a mesma qualidade do original que detinha a patente a um preço mais baixo.

•Medicamento similar:  Aquele medicamento que contém o mesmo ou os mesmos princípios ativos, apresenta a mesma concentração, forma farmacêutica, via de administração, posologia e indicação terapêutica, preventiva ou diagnóstica, do medicamento de referência registrado no órgão federal responsável pela vigilância sanitária, podendo diferir somente em características relativas ao tamanho e forma do produto, prazo de validade, embalagem, rotulagem, excipientes e veículos, devendo sempre ser identificado por nome comercial ou marca.
 Seu registro só é liberado e publicado pela Anvisa mediante á apresentação dos testes de equivalência farmacêutica e de biodisponibilidade relativa exigidos pelo Ministério da Saúde. No entanto, não é realizado o teste de bioequivalência*. 
Este teste de bioequivalência garante a intercambialidade dos genéricos e devido a isto os medicamentos similares não são intercambiáveis.


*Teste de bioequivalência consiste na demonstração de que o medicamento genérico e seu respectivo medicamento de referência (aquele com o qual foi efetuada pesquisa clínica para comprovação da eficácia e segurança antes do registro) apresentam a mesma Biodisponibilidade no organismo. A bioequivalência, na grande maioria dos casos,
assegura que o medicamento genérico ou similar apresente a mesma eficácia clínica e a mesma segurança em relação ao produto de marca.

 Biodisponibilidade - É uma medida da extensão de uma droga terapeuticamente ativa que atinge a circulação sistêmica e está disponível no local de ação. Indica a velocidade e a extensão de absorção de um princípio ativo em uma forma de dosagem, a partir de sua curva concentração/tempo na circulação sistêmica ou sua excreção na urina.

(Biodisponibilidade é a concentração do medicamento disponível no sangue).

•Biodisponibilidade Adequada: Refere-se à fração de uma dose ingerida de uma droga que tem acesso à circulação sistêmica, ou seja, corresponde a quantidade de fármaco disponível no organismo capaz para exercer efeito terapêutico.

•Reação adversa: É qualquer resposta a um medicamento que seja prejudicial, não intencional, e que ocorra nas doses normalmente utilizadas em seres humanos para profilaxia, diagnóstico e tratamento de doenças, ou para a modificação de uma função fisiológica.

•Efeito colateral – Efeito associado ao medicamento, que pode ser o objetivo principal do remédio. Ex.: AAS é um analgésico, antitérmico (antipirético), AINE, utilizado para dor. Um dos efeitos associados é a diminuição da agregação plaquetária.

     O alcance do efeito terapêutico depende das vias de administração, das características fisiológicas do paciente e do próprio PA do medicamento. Para observar o efeito terapêutico, é ideal que as [plasmáticas] ultrapassem a faixa de [ ] a partir da qual o efeito terapêutico será observado. Acima dessa faixa toxicidade. Abaixo dessa faixa efeito sub-terapêutico.

Obs.: Reação adversa e efeito colateral ocorrem na janela terapêutica. [plasmática]

Vias de administração

É o modo pelo qual o medicamento é introduzido no organismo.

•A DIFERENÇA NA ABSORÇÃO DO FÁRMACO ENTRE AS FORMAS FARMACÊUTICAS É FUNÇÃO DA FORMULAÇÃO E DA VIA DE ADMINISTRAÇÃO.

· Fatores que orientam a escolha da via de administração:

1) Propriedades físicas e químicas da droga :
(sólida/líquida/gasosa;solubilidade;estabilidade;pH;irritação)

2) Local de ação desejado: 
(tópica ou sistêmica).

3) Velocidade e extensão de absorção da droga por diferentes vias, rapidez com que se deseja obter a resposta :
(rotina ou emergência).

4) Efeito dos sucos digestivos e do metabolismo de primeira passagem sobre a droga.

5)Exatidão dados e necessária :
(as vias IV e inalatórias podem proporcionar um controle preciso).

6)Estado do paciente :
(inconsciente, com vômito).

Via oral  – Demorada primeiro vai para o estomago depois intestino onde o P.A é absorvido(C.S). 

Deglutição -> esôfago ->estomago -> no intestino, libera o PA -> CS
Figado* -> coração -> circulação sistêmica



*Enzimas principal órgão relacionado com a biotransformação de medicamentos

O P.A sai da região intestinal e cai na circulação enterohepática, o fígado é o principal órgão
relacionado com a biotransformação (modificação química) dos medicamentos. Na maioria das vezes, a biotransformação inativa o PA. Do fígado o medicamento vai para o coração e depois cai na circulação sistêmica.

Via intravenosa – Nesse caso, o medicamento é depositado direto na C.S (sem absorção só distribuição).

Via retal ou sublingual – São muito rápidas, por serem regiões muito vascularizadas.

· Efeito de primeira passagem (biotransformação) - consiste na passagem do fármaco da luz intestinal p/ o fígado, por meio da veia porta, antes de atingir a circulação sistêmica, reduzindo sua biodisponibilidade ( a hidrossolubilidade, ficando na faixa sub-terapêutica).


Solução para isso: aumentar a quantidade de PA ou mudar a via de administração.


  • Ligação das Moléculas das Drogas com as Células:

                                            MOLÉCULAS DE UMA DROGA
                                                                        ↓

       INFLUÊNCIA QUÍMICA EM UM OU MAIS CONSTITUINTES DAS CÉLULAS

As moléculas de uma droga desempenham influencia química nos constituintes das cels. Uma droga não funciona a não ser que esteja ligada, essa ligação ocorre com estruturas proteicas.

  • · Proteínas alvo


- Enzimas, moléculas transportadoras, canais iônicos, receptores.

Classificação dos receptores


  • Agonistas: São substâncias que se ligam aos receptores e os ativa (são substancias capazes de se ligar a um receptor e disparar uma resposta*). O composto deve ter afinidade com o receptor. Quando for possível disparar uma resposta, dizemos que essa substancia tem eficácia intrínseca.

*Eficácia intrínseca=capacidade de uma droga em disparar uma resposta.


  • Antagonistas: São substâncias que apresentam efeito contrário ao do agonista, a eficácia (capacidade de disparar uma resposta) dos agonistas é igual a zero.

Antagonismo entre Drogas:

  • Antagonismo químico : Duas substancias interagem em solução e uma impede o efeito da outra, ou seja esse tipo de antagonista inativa o agonista se combinando com ele em solução.
Envolve uma interação química direta entre o antagonista e o agonista de forma a tornar o agonista farmacologicamente inativo. Um bom exemplo está no emprego de agentes quelantes que se ligam a metais pesados e, assim, reduzem sua toxicidade.
 Por exemplo, o dimercaprol se liga ao mercúrio e o composto inativo é excretado na urina.

•Antagonismo por bloqueio de receptores: O antagonista se liga ao receptor e não dispara uma resposta (pode ser Reversível ou Irreversível). 

*Não apresenta eficácia intrínseca.

  • Antagonismo competitivo reversível –  Um fármaco se liga de modo seletivo a um receptor sem ativa-lo, mas impedindo a sua ativação (por um agonista). Há uma similaridade entre a estrutura química do antagonista com o agonista, os dois fármacos competem entre si , uma vez que o receptor só consegue ligar um fármaco por vez. Para reverter esse quadro é necessário aumentar a concentração do agonista, restaurando a ocupação dos receptores por esse agonista. Por essa razão diz-se que o antagonismo é superável .
As características importantes do antagonismo competitivo são:

a) Desvio da curva da concentração X efeito do agonista para a direita, sem alteração da inclinação ou do valor máximo.

b) Relação linear entre a razão de dose do agonista e a concentração do antagonista.

c) Evidencias de competição a partir de estudos de ligação (binding).

A melhor forma de avaliar esta relação é por meio do exame de curvas dose-resposta :

Se tivermos várias curvas  a primeira sem antagonista e as outras com concentrações crescentes de antagonista paralelas e cujo efeito máximo se iguala, temos um antagonismo reversível. Ou seja, o antagonista desvia a curva para a direita, mas o efeito máximo continua a ser possível. Contudo, é necessária uma concentração maior de agonista para alcançá-lo. 
A atropina é um exemplo de antagonista reversível da acetilcolina.

Antagonismo competitivo irreversível –  Se a ligação é covalente (firme), a combinação do antagonista com o receptor não é desfeita com facilidade e o antagonista é denominado
“competitivo de não equilíbrio” ou “irreversível”. Nas curvas dose-resposta, mesmo aumentando a concentração do agonista, doses crescentes deste antagonista diminuem a resposta máxima. Chega-se, então, a uma concentração de antagonista na qual não
existe quantidade de agonista capaz de desencadear qualquer resposta. Inibidores da colinesterase são exemplos desse tipo de antagonismo.

Ocorre quando o antagonista se dissocia muito lentamente, ou mesmo não se dissocia dos receptores. Como consequência, não ocorre uma alteração na ocupação dos receptores pelo antagonista quando o agonista é adicionado.

Antagonismo não competitivo: Bloqueia algum ponto da cadeia de eventos que leva  a produção de resposta pelo agonista. Esta alteração ocorre em algum passo pós-receptor.

Ocorre quando o antagonista bloqueia, em algum ponto, a cadeia de eventos da resposta desencadeada pelo agonista. Dessa forma, o antagonista não compete com o agonista pelo sítio de ligação no receptor, mas bloqueia o sinal que o agonista desencadeia. Contudo, a curva dose-resposta não é desviada para a direita com esse tipo de antagonista e a concentração para se atingir metade da resposta máxima (potência) mantem-se a mesma.

Antagonismo fisiológico:  Ou funcional, é usado para indicar a interação entre dois fármacos agonistas que atuam de forma independente, mas que geram efeitos opostos. Cada um tende a cancelar ou reduzir o efeito do exemplo clássico é representado por acetilcolina e adrenalina que apresentam efeitos opostos em várias funções corporais. A acetilcolina desacelera o coração, enquanto a adrenalina o acelera. A acetilcolina estimula os movimentos intestinais e a adrenalina os inibe. A acetilcolina gera constrição pupilar e a adrenalina dilatação etc.

· Antagonismo farmacocinético: O antagonista reduz a concentração da droga ativa (agonista) no seu sitio de ação. Pode ocorrer de varias formas, a velocidade de degradação
aumentada (ex.: a redução do efeito anticoagulante da varfarina quando se administra um agente que acelera seu metabolismo hepático, como o fenobarbital.
Ou a velocidade de absorção do TGI pd ser reduzida, ou a eliminação aumentada.


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